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terça-feira, 13 de agosto de 2013

POBRES ATEUS









Disseram-me que o ateísmo está crescendo.
Fiquei a pensar... quem quer o mundo oco e solitário dos ateus?

Não eu!

Eu quero o mundo povoado dos cristãos, dos judeus,
dos muçulmanos, dos animistas...

Quero um mundo onde a gente não esteja só.

Um mundo com anjos de pé e caídos.

De entidades, de elfos, de mística, de mágica, de mistérios...

Quero o mundo onde os tambores invoquem.

Onde a multidão de línguas estranhas dos pentecostais
faça os seres da escuridão retroceder.

Quero o mundo que produziu Beethoven que, surdo, dizia ouvir
a música que Deus queria escutar, a quem aplaudiu na nona.

Que produziu Shakespeare, que disse que havia mais entre o céu e a terra,
do que supõe a nossa vã filosofia, e que valia morrer por amor.

Que desafiou Mozart a zombar de Deus enquanto, qual o profeta Balaão,
só conseguia emitir os sons que boca de Deus entoa.

Quero o encanto catártico de Haendell gritando
ALELUIA! de forma arrebatadora!

A beleza de Bach nos fazendo ver a paz da Família Eterna.

Quero mundo das lindas e majestosas catedrais e dos pregadores
das praças, das esquinas, dos caminhos...

Da riqueza sonora profunda dos cantos gregorianos
e dos vociferantes pregadores convocando os homens a mudar
e o Espírito Santo a se levantar contra o mal.

Quero o mundo que faça um ser humano, diante da pior das borrascas,
ver o seu salvador andando sobre o mar anunciando a possibilidade.

Aquele em que o guerreiro, diante da incerteza, se ajoelha perante o Eterno e se levanta com um brilho nos olhos, certo de que tem uma missão, um motivo para brandir a espada, porque se há de correr
o sangue humano, tem de haver uma razão, que dando
significado a vida o faça não temer a morte.

Um mundo de poetas e romancistas, que fazem a morte gerar vida,
que contam histórias porque, em meio ao mais insano, há algo
para contar, e se há o que contar, então significa; e se há como
contar, então há um significante anterior, de modo que,
por mais que cada leitor possa, de alguma maneira,
reinventar, ninguém consegue negar que leu e se leu,
podia ser lido.

Quero a fé que faz uma menina entrar numa das melhores faculdades
do país, sonhando que, um dia, tudo o que sabe ajudará um ser
desprovido de tudo, num dos miseráveis cantões do planeta,
a sorrir com esperança!

Quero a loucura dos missionários que abandonam tudo no presente,
certos de que levarão milhares a viver o futuro.

Quem quer o socialismo frio do ateus?

Eu quero o socialismo dos crentes que, em meio à marcha dos trabalhadores e, diante do impasse do confronto com as forças do estabelecido, grita ao megafone: Companheiros, avancemos!
Deus está do nosso lado!

Da ciência não quero as equações, quero o grito de "Eureka!",
onde o cálculo se mistura com a revelação.

Da matemática quero a música, a certeza de que há sons no universo, que não só os podemos cantar, mas que há quem nos ouve.

Que ouviremos a grande e última trombeta, que reunirá toda a criação para o canto da redenção.

Eu não quero capitalismo nenhum, mas prefiro o dos seres humanos que acreditavam que o trabalho é um culto ao Criador e que o seu produto tinha de gerar um mercado a serviço do bem.

  Quem quer o capitalismo consumista dos ateus, que reduz a vida ao aqui e agora, e transforma todos em desesperados que, pensando que não sobrará para eles, correm para acumular para o nada?

Os ateus dizem que evoluímos, mas que não vamos para lugar nenhum; que a ciência pode tudo; que verdade é a palavra dos vencedores; que os mais fortes sobreviverão, e que é o direito natural deles.

Não! Mil vezes não!

Quero o mundo onde os fracos tenham direito ao Reino; onde os mansos herdarão a terra; onde os que choram serão consolados; onde os que têm fome e sede de justiça serão fartos; onde os que crêem na justiça estejam prontos a morrer por ela; onde os mortos ressuscitarão.

Quem quer um mundo explicado, onde tudo é virtude ou falha de um neuro-transmissor qualquer?

Quero um mundo onde a fé, o amor, e a paixão possam curar,
mudar histórias e construir caminhos!
Onde os artistas tenham o que registrar!

Um mundo onde o sol nasça e se ponha, onde as estrelas, polvilhando o infinito, apontem um caminho, falem da esperança de uma grande e decisiva família, e que qualquer ser humano ao ver isso, não se envergonhe de falar: maravilha! Um Deus fez isto!

Mas não quero a teologia técnica...

Quero o Deus apaixonado dos cristãos,
que abandona sua Glória e se faz gente,
trazendo a divindade para a humanidade,
 ressurrecto ao voltar,
levando a humanidade para a divindade!

Quero o Deus inquieto de Israel, o pai dos judeus,
com quem é possível lutar.
Quero do Deus que se permite ser detido por um Jacó.

Quero o Deus chorão de Jesus de Nazaré, que mesmo a gente tendo brigado com Ele, nunca conseguiu brigar conosco.

O Deus Pai, Mãe e Filho que repartiu conosco o privilégio de ser!

  Quero o mundo do medo do desconhecido,
E do maravilhar-se com o desconhecido:
O mundo do encanto.

Como disse o pai da filosofia moderna,
O que se descobre ser ao pensar,
Precisa de um mundo para aterrissar,
Precisa que haja alguém que faça pensar valer a pena,
Alguém que, ao fim, é da onde se pensa,
E se ele não existe, então nada existe,
Porque o que pensa não tem como pensar a partir de si.

Quero o mundo que ri da sua finitude; que desdenha das limitações;
Que resiste ao sofrimento; que olha para o infinito sabendo
Que nossa existência não é determinada pela morte ou
Por nossas impossibilidades;
Que não somos frutos de um acidente.

Quero o mundo que se sustenta na fé de que ressuscitaremos,
E brilharemos como o sol ao meio dia;
De que vale a pena lutar pelo bem;
De que vale a pena existir!


Ariovaldo Ramos

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