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terça-feira, 13 de agosto de 2013

CORINTHIANS







 

O Corinthians não nasceu para ser um time de futebol. 

Nasceu para dar voz ao povo.

Nasceu para fazer vingar um projeto de solidariedade.

Nasceu para dar protagonismo a quem era excluído conforme o ideal anarco-humanista dos operários do Bom Retiro.

O Corinthians nasceu para mostrar que raças não definem virtudes e que o amor dos iguais pode realizar grandes façanhas.

O Corinthians nasceu para romper uma muralha das elites quatrocentonas e dizer que o negro é trabalhador, que o calabrês não rouba na balança, que o japonês é sabido, que o índio é inteligente, que o grego faz muito mais que quebrar pratos, que os libaneses conhecem poesia, que os espanhóis são também tolerantes, que os portugueses podem ensinar altruísmo, que mulheres e homens têm as mesmas capacidades, que sonhos compartilhados têm muito mais valor.
 
Libertadores é detalhe. 

Ela presta uma satisfação aos outros, e não àqueles que aprenderam a amar o Corinthians como a mais autêntica e democrática instituição popular brasileira. 
 
O Corinthians surgiu inspirado pelo cometa Halley, para lançar luz de esclarecimento na treva do egoísmo bandeirante.

Nasceu para revelar o gênio político de Sócrates Brasileiro, a generosidade de Wladimir e as imensas virtudes do cidadão anônimo deste país. 

Nasceu para inspirar Luiz Inácio Lula da Silva a cuidar de seu povo e compreender seus rituais de superação.

O Corinthians nasceu para ser o que precisávamos ser. 
 
O resto? Bem, o resto é apenas futebol.



WALTER FALCETA JR.


POBRES ATEUS









Disseram-me que o ateísmo está crescendo.
Fiquei a pensar... quem quer o mundo oco e solitário dos ateus?

Não eu!

Eu quero o mundo povoado dos cristãos, dos judeus,
dos muçulmanos, dos animistas...

Quero um mundo onde a gente não esteja só.

Um mundo com anjos de pé e caídos.

De entidades, de elfos, de mística, de mágica, de mistérios...

Quero o mundo onde os tambores invoquem.

Onde a multidão de línguas estranhas dos pentecostais
faça os seres da escuridão retroceder.

Quero o mundo que produziu Beethoven que, surdo, dizia ouvir
a música que Deus queria escutar, a quem aplaudiu na nona.

Que produziu Shakespeare, que disse que havia mais entre o céu e a terra,
do que supõe a nossa vã filosofia, e que valia morrer por amor.

Que desafiou Mozart a zombar de Deus enquanto, qual o profeta Balaão,
só conseguia emitir os sons que boca de Deus entoa.

Quero o encanto catártico de Haendell gritando
ALELUIA! de forma arrebatadora!

A beleza de Bach nos fazendo ver a paz da Família Eterna.

Quero mundo das lindas e majestosas catedrais e dos pregadores
das praças, das esquinas, dos caminhos...

Da riqueza sonora profunda dos cantos gregorianos
e dos vociferantes pregadores convocando os homens a mudar
e o Espírito Santo a se levantar contra o mal.

Quero o mundo que faça um ser humano, diante da pior das borrascas,
ver o seu salvador andando sobre o mar anunciando a possibilidade.

Aquele em que o guerreiro, diante da incerteza, se ajoelha perante o Eterno e se levanta com um brilho nos olhos, certo de que tem uma missão, um motivo para brandir a espada, porque se há de correr
o sangue humano, tem de haver uma razão, que dando
significado a vida o faça não temer a morte.

Um mundo de poetas e romancistas, que fazem a morte gerar vida,
que contam histórias porque, em meio ao mais insano, há algo
para contar, e se há o que contar, então significa; e se há como
contar, então há um significante anterior, de modo que,
por mais que cada leitor possa, de alguma maneira,
reinventar, ninguém consegue negar que leu e se leu,
podia ser lido.

Quero a fé que faz uma menina entrar numa das melhores faculdades
do país, sonhando que, um dia, tudo o que sabe ajudará um ser
desprovido de tudo, num dos miseráveis cantões do planeta,
a sorrir com esperança!

Quero a loucura dos missionários que abandonam tudo no presente,
certos de que levarão milhares a viver o futuro.

Quem quer o socialismo frio do ateus?

Eu quero o socialismo dos crentes que, em meio à marcha dos trabalhadores e, diante do impasse do confronto com as forças do estabelecido, grita ao megafone: Companheiros, avancemos!
Deus está do nosso lado!

Da ciência não quero as equações, quero o grito de "Eureka!",
onde o cálculo se mistura com a revelação.

Da matemática quero a música, a certeza de que há sons no universo, que não só os podemos cantar, mas que há quem nos ouve.

Que ouviremos a grande e última trombeta, que reunirá toda a criação para o canto da redenção.

Eu não quero capitalismo nenhum, mas prefiro o dos seres humanos que acreditavam que o trabalho é um culto ao Criador e que o seu produto tinha de gerar um mercado a serviço do bem.

  Quem quer o capitalismo consumista dos ateus, que reduz a vida ao aqui e agora, e transforma todos em desesperados que, pensando que não sobrará para eles, correm para acumular para o nada?

Os ateus dizem que evoluímos, mas que não vamos para lugar nenhum; que a ciência pode tudo; que verdade é a palavra dos vencedores; que os mais fortes sobreviverão, e que é o direito natural deles.

Não! Mil vezes não!

Quero o mundo onde os fracos tenham direito ao Reino; onde os mansos herdarão a terra; onde os que choram serão consolados; onde os que têm fome e sede de justiça serão fartos; onde os que crêem na justiça estejam prontos a morrer por ela; onde os mortos ressuscitarão.

Quem quer um mundo explicado, onde tudo é virtude ou falha de um neuro-transmissor qualquer?

Quero um mundo onde a fé, o amor, e a paixão possam curar,
mudar histórias e construir caminhos!
Onde os artistas tenham o que registrar!

Um mundo onde o sol nasça e se ponha, onde as estrelas, polvilhando o infinito, apontem um caminho, falem da esperança de uma grande e decisiva família, e que qualquer ser humano ao ver isso, não se envergonhe de falar: maravilha! Um Deus fez isto!

Mas não quero a teologia técnica...

Quero o Deus apaixonado dos cristãos,
que abandona sua Glória e se faz gente,
trazendo a divindade para a humanidade,
 ressurrecto ao voltar,
levando a humanidade para a divindade!

Quero o Deus inquieto de Israel, o pai dos judeus,
com quem é possível lutar.
Quero do Deus que se permite ser detido por um Jacó.

Quero o Deus chorão de Jesus de Nazaré, que mesmo a gente tendo brigado com Ele, nunca conseguiu brigar conosco.

O Deus Pai, Mãe e Filho que repartiu conosco o privilégio de ser!

  Quero o mundo do medo do desconhecido,
E do maravilhar-se com o desconhecido:
O mundo do encanto.

Como disse o pai da filosofia moderna,
O que se descobre ser ao pensar,
Precisa de um mundo para aterrissar,
Precisa que haja alguém que faça pensar valer a pena,
Alguém que, ao fim, é da onde se pensa,
E se ele não existe, então nada existe,
Porque o que pensa não tem como pensar a partir de si.

Quero o mundo que ri da sua finitude; que desdenha das limitações;
Que resiste ao sofrimento; que olha para o infinito sabendo
Que nossa existência não é determinada pela morte ou
Por nossas impossibilidades;
Que não somos frutos de um acidente.

Quero o mundo que se sustenta na fé de que ressuscitaremos,
E brilharemos como o sol ao meio dia;
De que vale a pena lutar pelo bem;
De que vale a pena existir!


Ariovaldo Ramos

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

DESCALÇOS



Diz o relato bíblico que Moisés deparou-se com uma sarça ardente representando a presença fulgurante de Deus.

                                    
                      "Não te chegues para cá, tira os sapatos de teus pés                                porque o lugar em que tu estás é terra santa."  (Ex. 3.5)

Os rabinos, com o passar do tempo, fizeram um interessante adendo ao episódio, ressaltando que a advertência a Moisés de que aquele lugar era santo e que deveria livrar-se de seus sapatos, mais do que uma deferência ao local, dizia respeito ao artefato que poderia obstruir o contato divino que se afigurava.

Os sapatos - sandálias - representavam algo morto e, por isso mesmo, carregavam em si o impedimento entre o corpo e o solo sagrado.

Uma vez descalço, Moisés poderia tocar com os  próprios pés o santuário sagrado, dessa forma,  nada mais teria a separá-lo da bênção tangível da terra santificada.

Hoje em dia já não há tanto contato com a mãe-terra.

Nem mesmo as nossas crianças se esbaldam mais em contato pleno com a terra, na verdade, o que vemos proliferando é a geração de calçados caminhando nos shoppings centers da vida.
 



Toda vez que nos atrevemos a ficar descalços e pisamos na mãe-terra, naturalmente fazemos conexão com o solo sagrado da natureza de Deus.



TÉRCIO PAIVA FARIAS  



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ALEGRIA NA TENDA DE SARA



Após a morte da mãe, toda vez que Isaque adentrava em sua tenda, sentia o impacto da escuridão reinante.


A tristeza invadia seu coração.

A luz fulgurante das alegres festas na Tenda de Sara, 
apagara-se de vez.

A farinha do chalá, embora ainda parecesse intacta, 
mofava num canto qualquer.

A presença divina, outrora tão viva, 
tinha-se evaporado de vez.

Restou a Isaque orar no campo sozinho, aliás, 
um ritual por ele instituído,


e com marca distintiva: minchá - oração da tarde.
 
Até que num certo dia chegou a deslumbrante Rebeca, dominando tudo à sua volta, principalmente, o coração do solitário e entristecido Isaque.

Enfeitiçado por seu brilho pessoal, Isaque não teve dúvidas, levou a bela mulher direto à Tenda de Sara.

As três bênçãos retornaram como que por encanto.

A presença divina se estabeleceu;
a farinha transformou-se em chalá -
 o pão trançado das festas;
e o riso, correu solto nas feições de todos.

   A alegria, finalmente, voltara à Tenda de Sara.



TÉRCIO PAIVA FARIAS

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MAL COM CARA DE BEM


Nem o capeta pode dizer que conhece seu próprio engano de cabo a rabo.

Só se fosse dono do autoengano.

Não é.

Mas com o passar do tempo, não é que o danado, carregado de atos maldosos nas costas, assumiu com pompa a pecha de senhor do mal.

De tanto beber do fel do engano, o bichão lambuzou-se nele e, embriagado por sua torpeza, assumiu-se de vez como o rei das trapaças.

Degradante é constatar que hoje em dia, filas enormes de incautos são formadas, tão somente para seguir e repercutir a maledicência desse abominável guru.

O que não podia acontecer, aconteceu.

A maldade teve proliferação abundante e logo, uma dissimulada campanha qualificada de "Mal com cara de Bem", virou prática de sucesso nos meios midiáticos, políticos, empresariais, eclesiásticos e, até entre os particulares, em âmbito mundial.

Os homens da terra, resolveram sair em defesa da difundida campanha, jurando de pés juntos que, como se trata de algo bom, sua prática é recomendável a todas as criaturas.

 
Como uma força-tarefa, a humanidade repercute, sem a nada questionar, bradando a plenos pulmões que, "Mal com cara de Bem", no fim, é tudo de bom.

Até muitos que são do bem, após ouvir tanta repetição,   passam a defender: 

 "Mal com cara de Bem... mal com cara de bem... mal com cara de bem... mal com cara de bem..."

Sem parar.


 


TÉRCIO PAIVA FARIAS
     

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

DUAS ALMAS OPOSTAS


"Ai de mim, existem duas almas opostas em meu coração."
(citação em Fausto de Johann Walfgang van Goethe)
 
 
As duas almas opostas da citação, hoje, para nós, não passa de mera expressão de desabafo.

Mas quem já não teve a clara sensação de que um lado seu se opõe ao outro, um, induzindo à liberdade, outro, à escravidão.

Uma completa incompatibilidade entre ambos.

Não têm o mesmo propósito, não falam a mesma língua, não comungam o mesmo pensamento, não seguem o mesmo caminho.

Insociáveis, inconciliáveis, incongruentes, inconsequentes, inconsistentes.

Será que podem perdurar em um mesmo espaço por muito tempo?

Nem pensar.

Se o fizerem, acabarão dividindo a personalidade pelo excesso de carga que cada um contém.

Amostras com fragmentos de personalidade cindida são notadas através de dois pensamentos, duas aspirações, duas determinações, duas influências, sem que haja o prevalecimento de qualquer lado.

Nesse caso, quem está sempre no comando é a duplicidade.
 
Tendo em conta que o caminho da verdade é uno e não dúplice, uma personalidade cindida está sempre a faltar com a verdade.

Quando feita em duas, por causa de grave cisão, a personalidade torna-se um aleijão e, como tal, desencadeia costumeiras perplexidades ante as decisões na vida. 

Esse monstrengo que passa a tomar conta do ser, trafega como maluco nos territórios da inconstância e dos descaminhos.

"O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos."  (Tg. 1.8)

Paulo, o apóstolo, fez uma declaração bombástica acerca da prevalência dúbia que lhe dominava:

  "Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço."  (Rm. 7.15)  

Como o personagem de Goethe, Paulo também chegou a um ponto de lamentação:

"Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?  (Rm. 7.24)
Sabedores de que a verdade não é dobre, é una - Cristo é a Verdade - e conhecedores de que com Deus não há dobrez, esse negócio de duas almas opostas pode ocorrer em quem ainda caminha segundo a duplicidade da carne.

"Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito."  (Rm. 8.5)

E os que são segundo o Espírito, estão inseridos na unidade, conforme petição de Jesus em sua oração final  ao Pai:

"E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade..."  
(Jo. 17.22-23)



TÉRCIO PAIVA FARIAS