PEGADINHA DA LEGALIDADE
Os fariseus, após intensos conchavos secretos, tentaram enredar o Mestre em suas próprias palavras.
Enviaram seus especialistas, reforçados por herodianos, com discurso irretocável e com tática de abordagem bem ensaiada, tudo na ponta da língua.
Na chegada, jogaram confete, serpentina, lança-perfume, um verdadeiro carnaval de palavras.
"Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. Tu não dás preferência a ninguém porque não consideras a aparência dos homens". (Mt. 22.16)
Após o oba-oba inicial, trataram de lançar o petardo ardilosamente arquitetado:
"É lícito pagar tributo a César ou não?"
A armadilha, cuidadosamente preparada, estava ativada.
Jesus, perceptivo como era, captou no ato a tentativa de pegá-lo em contradição, aproveitou então para escancarar os intentos escusos do bando.
"Por que me experimentais, hipócritas? Mostrem-me a moeda do tributo".
Estenderam-lhe rapidamente um denário.
Com gravidade, Jesus perguntou-lhe:
"De quem é esta efígie e inscrição?"
A uma só voz, os fariseus responderam:
"É de Tibério César, deus".
Com um certo ar de enfado e mofa, Jesus retrucou:
"Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". (Mt. 22.21)
Ouvindo isso, os espertinhos ficaram embasbacados, a tal ponto que trataram de puxar o carro e, de crista baixa, diga-se de passagem.
A pegadinha da legalidade não funcionou porque o real problema não era o imposto e tampouco seu pagamento.
O cerne da questão era a glória, a Glória de Deus.
Como o grupelho deve ter aprendido, a Glória de Deus nada tem a ver com dinheiro, emolumento, taxa, efígie, inscrição ou moeda.
A César, a vil moeda; a Deus, o coração.
A tão planejada pegadinha da legalidade foi mais um furo n'água dos ardilosos fariseus.
TÉRCIO PAIVA FARIAS
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