Ainda no desfrute do paraíso, Eva atenta, ouviu as determinações dadas por Deus sobre o fruto proibido.
O problema deu-se em outro momento, ouvindo o que já sabia, só que sob a animada versão de uma falante serpente que saracoteava à sua volta.
Notando que havia conseguido a atenção da mulher que, aliás, era toda ouvidos, as coisas ficaram mais fáceis para as enrustidas intenções satânicas.
Bastou um relato bem arquitetado para aguçar o paladar da mulher.
Bastava uma simples mordidinha no fruto para o plano se concretizar.
Com a resistência combalida, Eva capitulou, abocanhou o fruto com tal gosto que a saliva se lhe escorria queixo abaixo.
Como nada de extraordinário aconteceu, a doida logo começou a acreditar.
A mentira da serpente era verdade; mentirosa era a verdade de Deus.
Foi essa a convicção que o capeta enrustido quis fixar na mente da crédula mulher.
E conseguiu.
E o que fez dona Eva, toda senhora de si?
Dirigiu-se ao marido - Adão, o caladão - com desfaçatez, ofereceu-lhe do apetitoso fruto proibido alardeado pela serpente.
O bobalhão, sem a nada questionar, abriu sua bocarra e saboreou com gosto o néctar proibido por Deus.
A partir daí, as coisas começaram a mudar.
Algo hediondo aconteceu, o que parecia apenas um episódio de menores proporções, teve o condão de afetar a raça humana e o mundo por inteiro.
Uma coisa temos que convir, a coitada da Eva foi tapeada a ponto de comer do fruto, mas Adão não, mil vezes não, o homão comeu com consciência.
Não houve necessidade de nenhuma influência, por mais satânica que fosse para induzi-lo a uma leve e gostosa bocadinha.
Ao mandar para dentro o fruto proibido, Adão fez a deliberada opção de desobedecer a Deus.
Saiu da graça; caiu em desgraça.
A queda o levou à expulsão do paraíso e à uma escuridão que lhe era completamente desconhecida.
E com uma agravante: A escorregadela seria fator preponderante de terríveis conseqüências à humanidade.
O caladão e estulto Adão, proclamou sua independência de Deus.
De forma bisonha, bandeou-se para o lado inimigo que, não estava nem aí com ele e nem com sua bela mulher.
Uma coisa ficou certa, ambos, agora, não tinham mais ninguém para lhes dar qualquer tipo de cobertura, afeto ou proteção.
Com isso levaram de roldão a humanidade inteira para a perdição.
O maquiavélico plano deu certo, saiu do jeito que Satanás quis.
O mundo agora estava oficiosamente sob jurisdição do capeta que, soberano, guindou-se à posição de autoridade global, como se fosse o deus deste século.
Este nojento cenário prevalece em nossos dias, somos, sistematicamente, enganados pela falsa moralidade imposta pela sociedade de forma imperceptível, reservando os maiores favorecimentos a tão terrível impostor.
Pisamos em ovos, prendemos a respiração, e nos cercamos de cuidados mil, porque sabemos que o poderoso vilão arfa à nossa volta bramando como um leão buscando a quem possa tragar.
Tudo saiu do jeito que Satanás quis.
É ele que ainda hoje, dá as cartas por aqui, com o rigor de sua pesada mão de ferro.
Ainda bem que há maneiras para não cair, no engodo de tão abjeta criatura.
A primeira é: Nunca olhar para as coisas como Satanás nos demonstra - são miragens.
A segunda é: Nunca crer nas coisas que Satanás faz - são enganos.
A terceira é: Nunca fazer as coisas que Satanás manda - são trapaças.
O malvado que desde o princípio só engana, continua sua maléfica tarefa de confundir a humanidade, sem parar.
Com toda certeza, ele há de dobrar, triplicar, quadruplicar, seu empenho para os tempos vindouros.
Foi assim e assim tudo continuará.
Do jeito que Satanás quis.
TÉRCIO PAIVA FARIAS